Meu pai e o Vigilante
Lembrei disso porque 4 meses atrás Carlos Miranda, ator que encarnou o protagonista, faleceu aos 91 anos.
Meu pai adorava assistir ao seriado 'Vigilante Rodoviário'. Tinha 10 anos quando as aventuras do inspetor Carlos estrearam na TV Tupi – março de 1961, 8 da noite, após o 'Repórter Esso', patrocínio da Nestlé. Lembrei disso porque 4 meses atrás Carlos Miranda, ator que encarnou o protagonista, faleceu aos 91 anos. Meu pai viveu só 71. Não sentiu esta tristeza. Morreu em 13/7/2022. Eu senti, mesmo nunca tendo visto na íntegra nem um dos 38 episódios, reprisados na década de 70 na Rede Globo, 2009 no Canal Brasil e 2020 na TV Brasil. Senti porque ao saber da morte de Miranda, como escrevi antes, na hora me lembrei do meu pai, fã ardoroso.
'Vigilante Rodoviário', primeiro seriado filmado em película de cinema no Brasil, foi ideia de Ary Fernandes (1931-2010), dramaturgo, ator, produtor. Desde criança queria inventar um herói brasileiro. Conseguiu. Pôs o cachorro Lobo, espécie de Rin-Tin-Tin brasileiro, como parceiro de Carlos em todas as horas.
A dupla combatia o crime a bordo da espetacular motocicleta Harley-Davidson 1952, ou do carrão Simca Chambord 1959. As histórias eram desenroladas quase sempre na altura do quilômetro 38 da Rodovia Anhanguera, onde a maior parte das tramas foi rodada, devido ao clima ensolarado o ano todo, fator fundamental às filmagens externas. Ainda nos anos 60, 'Vigilante' virou gibi. Em 1978, Ferreira tentou, sem sucesso, transformar o seriado num longa-metragem. Carlos Miranda começou a carreira como cantor de circos, parques de diversões.
Adorou tanto o papel de inspetor que, ao término do seriado, se tornou patrulheiro de verdade – ingressou na Polícia Rodoviária de SP, ocupou cargos, inclusive o de porta-voz e relações públicas. Residiu em Itanhaém. Era visitante recorrente de encontros de colecionadores de carros. Neles, costumava exibir seu Simca, idêntico ao da série. Vestido da farda semelhante à do inspetor, era atração nos eventos, distribuindo autógrafos, tirando fotografias, sendo tietado pelos cinquentões, sessentões. Era patrono do Automóvel Clube do Brasil.
Comentários: