São 3 datas, duas redondas: 8O anos de idade, que completaria (7 de março), 6 anos de morte (19 de junho) e 1O anos de meu encontro com ele (15 de outubro). Rubens Ewald Filho continua sendo o melhor crítico de cinema do Brasil. Em seus 54 anos de carreira, o acompanhei nos últimos 21, quando, já contei em coluna tempos atrás, o assisti, na TV Globo, cantando, como se fosse tirando números do bingo, os nomes, um a um, das personalidades da Sétima Arte que surgiam no 'Álbum de Família do Oscar', quando a premiação completava, naquela época, 7 décadas de existência (1998). O apresentador, jornalista Renato Machado, espantou-se com a memória infalível de Rubinho, apelido dado pelos colegas da imprensa. Virei fã.

Quando o programa que comando na TV Câmara Jacareí, 'Gente em Destaque', estava chegando às 3OO edições, não pensei duas vezes em convidá-lo a participar. Tarefa difícil. Consegui o contato. Iniciamos negociações: data, local – ambos, dias mais tarde, foram alterados, a pedido dele.

Sempre fico apreensivo quando me deparo com alguém que admiro muito. Na ida a São Paulo, no dia da gravação, 15/10/2015, munido de um livro dele, que pediria para autografá-lo, pensava como o cumprimentaria, se falaria sobre a minha também paixão pelo cinema. Estudei a biografia. Elaborei questionário de fã, com detalhes da trajetória. Claro que tudo funcionou diferente do que havia programado. Chegamos ao prédio, começamos a ajeitar câmeras, cadeiras. A todo o momento, espiava a porta por onde imaginava que ele entraria. De surpresa, Rubens veio pelo elevador, cuja porta abriu a centímetros de onde eu estava. Levei baita susto. Simpático todo o tempo, no fim da gravação, disse: 'Percebi, pelas perguntas, que você é fã de verdade.' Ganhei meu dia.

O fim de vida dele foi triste. Cancelado pelos patrulheiros do politicamente correto, ficou escanteado do Oscar 2019 por ter feito um comentário absolutamente normal na festa de 2018.