Senhor de seu tempo
Há instantes cômicos no filme. Um deles: a forma de Marinho passar pito em alguém. 'Quanto mais sussurrava, maior era a bronca.
Em 2025 as organizações Globo têm efemérides a celebrar: 100 anos do jornal 'O Globo', 60 da TV Globo, 30 do PROJAC e 20 do portal G1. Sobre isso, é oportuno comentar um documentário lançado há uma década: 'Roberto Marinho: Senhor de seu Tempo' (íntegra no youtube), produzido à série 'Grandes Brasileiros'.
A obra mostra a trajetória do jornalista-empresário. Um dos filhos revela: 'Ele achava que a sua vida nunca terminaria', o que é corroborado por uma das frases preferidas de RM: 'Se um dia eu vier a faltar...'. A linda casa, no bairro Cosme Velho (Rio de Janeiro), é cenário a que o mordomo mostre o quarto, biblioteca e o fardão usado na posse na Academia Brasileira de Letras.
Erros das empresas são destacados, como o 'Escândalo da Proconsult', 1982, a não-cobertura do 1º comício das 'Diretas Já', 1984, e edição final do debate Collor-Lula, 1989. Porém, em 1954, ao ver o jornal empastelado depois do suicídio de Getúlio, Marinho toma decisão que marcaria seus meios de comunicação: apoiar todos governos a partir dali, porque 'não deve ser fácil reger um país'. Tido, até pelos 3 filhos, como 'homem de direita' (cadê a expressão 'extrema direita' de nossos dias?), me pergunto como estaria ele hoje ao ver o rumo que seus negócios tomaram a partir de 2018-19, se transformando numa assessoria de imprensa da esquerda.
Mas há instantes cômicos no filme. Um deles: a forma de Marinho passar pito em alguém. 'Quanto mais sussurrava, maior era a bronca. Os palavrões ele dizia em francês', revela um dos funcionários. A falta de noção sobre a idade permeia a história: aos 60 fundou a emissora de TV; com 78 competia na equitação (se quebrou todo ao cair numa das provas); aos 87 se casou com a paixão de toda a vida, Lilly; aos 94 participou da inauguração do parque gráfico do jornal, 'brinquedo preferido'. Duração: 56 minutos. Cotação: bom.
Comentários: