Quarta, 10 Setembro 2025

Democracia e Limites do Judiciário

Democracia e Limites do Judiciário

O cenário é analisado não apenas pela ótica dos fatos, mas pelas profundas implicações que a decisão da Corte terá sobre o tecido institucional do país.

O julgamento de Jair Bolsonaro no STF representa um ponto de inflexão para a conturbada democracia brasileira. O cenário é analisado não apenas pela ótica dos fatos, mas pelas profundas implicações que a decisão da Corte terá sobre o tecido institucional do país. A questão em pauta, a potencial inelegibilidade do ex-presidente, transcende o embate político: é um teste para a solidez de nossas instituições e para a aplicação imparcial da lei. 

Temos que no plenário do STF, confrontam-se, essencialmente, duas visões de mundo. De um lado, a tese de que a integridade do processo eleitoral é a base inegociável da democracia. Para os ministros alinhados a essa perspectiva, as ações do ex-presidente ultrapassaram a crítica política, adentrando o campo do ataque deliberado e sistemático ao sistema de votação. Neste contexto, a sanção da inelegibilidade não seria vingança, mas uma medida profilática. A gravidade dos atos, segundo essa linha, exige uma resposta à altura para coibir condutas que minam a confiança da população nas eleições.

Contudo e por outro lado, emerge a preocupação com os limites da atuação do Judiciário e o risco de que a decisão seja compreendida como "ativismo judicial". A defesa argumenta que o julgamento configura uma perseguição e até mesmo uma tentativa de criminalizar a dissidência e a livre manifestação de pensamento. Tal visão levanta um ponto crucial no debate jurídico, que seria o papel que o Judiciário deve ter em ser guardião da Constituição, não o árbitro.

A decisão, portanto, não poderia se basear em motivações partidárias, mas unicamente na interpretação rigorosa da lei. O veredito que se aproxima será um divisor de águas. Se a Corte decidir pela inelegibilidade, firmará um precedente histórico de que a democracia possui mecanismos de autoproteção contra aqueles que a ameaçam. Se, contudo, optar pela manutenção dos direitos políticos, reforçará a tese de que a resolução de conflitos dessa natureza deve ocorrer nas urnas. 

 

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